Busca
 
 

Fale conosco! fale conosco!

Calendário



« DESTAQUES »

Formatura do CBM/2023

NOTA DE REPÚDIO

Carta ao PARNASO

CURSOS

As Descidas Vertiginosas do Dedo de Deus (2a Edição)

Carta Aberta aos Montanhistas do Rio de Janeiro e à Sociedade

Diretoria e Corpo de Guias

Equipamento individual básico

Recomendações aos Novos Sócios

2ª Carta Aberta aos Montanhistas do Rio de Janeiro e à Sociedade



Quinta-feira, 25 de abril de 2024

Você está em: BoletinsBoletim n°10 - Dez. 2005
Boletim n°10 - Dez. 2005
Excursão ao Tijuca Mirim‹‹ anterior 
|
 próxima ››E essa solidariedade é a própria vida

Monte Pascoal

Entre setembro de 2004 e junho de 2005 estive na Bahia participando de um curso oferecido pela empresa em que trabalho. Infelizmente, o tempo para passear era curto, pois o curso exigiu muita dedicação e havia provas quase todos os sábados. Mesmo assim, realizei excursões para alguns lugares próximos que eu não conhecia.

Aproveitando excelentes dicas do Cela e um dia de folga, passei três dias na Chapada Diamantina. Acompanharam-me seis colegas do curso e a sócia do Clube, Andrea Fonseca, que foi do Rio para lá especialmente para a excursão. Apesar do pouco tempo, pudemos conhecer cachoeiras, subir montanhas e mergulhar em poços de água cristalina. A matéria escrita pelo Cela, nesta mesma edição do Boletim, exprime bem as belezas do lugar.

Em uma olhada rápida no livro sobre os Parques Nacionais do Brasil, fiquei com vontade de voltar à Costa do Descobrimento, região sul do estado onde ficam os Parques do Descobrimento, de Monte Pascoal e do Pau-Brasil. Já tinha passado por lá durante a Travessia Cumuruxatiba-Porto Seguro, em 2003. Só não sabia que a aldeia Pataxó e todas as praias entre Ponta do Corumbau e Caraíva estavam dentro dos limites do Parque Nacional de Monte Pascoal.

Liguei para os referidos Parques e fiquei sabendo que o do Monte Pascoal era o único aberto à visitação. Pesquisando na Internet, li que havia um conflito entre a Direção do PNMP e os índios Pataxó. Enviei um e-mail para o Parque e recebi uma gentil resposta da Diretora Milena Maia esclarecendo que as relações estavam sendo bem administradas e que os índios estavam auxiliando na gestão do Parque e na manutenção das trilhas. Sendo assim, iniciei a organização da excursão.

O primeiro ponto que me chamou a atenção foi a incompatibilidade nos horários dos ônibus. Existe uma linha para o PNMP que sai da Rodoviária de Itamaraju às 5:50 e às 14:00 todas as segundas, sextas, sábados e domingos. Porém, o ônibus que vem de Salvador só chega em Itamaraju por volta de 7:00. Perguntando, descobri que os ônibus que vêm do Rio e de outras capitais também só chegam a partir desse horário. Assim, fica impossível fazer a conexão. Apesar desse problema e de só ter o fim de semana disponível, o que implicaria viajar a noite toda, resolvi marcar a excursão.

Comentei com os companheiros da excursão à Chapada e logo consegui dois interessados: Érico Lisboa e André Alonso. Além deles, apareceram vários colegas do curso dizendo que gostariam de ir, mas apenas o Carlos Henrique Araújo confirmou a participação. Fechamos então os detalhes da excursão e compramos as passagens.

Na véspera, o Alonso acordou muito gripado e preferiu não ir. Conseguimos cancelar a sua passagem sem maiores problemas. No dia da excursão, eu, Érico e Carlos pegamos um engarrafamento no caminho da Rodoviária e quase perdemos o ônibus. Com o cansaço acumulado das semanas anteriores, não foi difícil pegar no sono.

Chegando em Itamaraju, verificamos que realmente não havia outra linha de ônibus para o Parque. Porém, descobrimos que aos sábados há um ônibus extra, saindo às 11:00. Mas não é permitido acampar no Parque e o último ônibus que volta de lá para Itamaraju sai às 15:00. Fomos tomar café enquanto pensávamos em uma alternativa.

Tentamos negociar com algum motorista de caminhão ou kombi, mas não conseguimos nenhum valor razoável. Contratamos então um motorista de táxi que, após alguma negociação, aceitou fazer a corrida por R$ 45,00 (são 25 km de distância).

Na entrada do Parque, fomos recebidos por um grupo de crianças indígenas que nos informaram que devíamos contratar um Guia local para entrar. Como eu estava com um mapa e várias páginas de informações, falei que não queríamos contratar esse serviço. Uma das meninas disse que não podia, mas eu argumentei que havia falado com a Milena e que ela não me informou nada sobre a obrigatoriedade de contratar um Guia. Ela pediu que esperássemos, foi falar com alguém e voltou dizendo que tudo bem, mas que tínhamos que pagar a entrada de R$ 5,00.

Assinamos o livro de presença e fomos direto ao Centro de Visitantes, onde havia algumas peças de cultura material indígena, infelizmente sem nenhum cuidado ou identificação. O Centro de Visitantes é bem grande e conta com várias salas, mas não havia ninguém por lá, nem visitantes nem funcionários. De lá, a vista para o Monte Pascoal nos deixou ansiosos para subir.

Voltamos e seguimos a trilha que leva ao cume do Monte. A caminhada é leve, com aproximadamente 1,5 km. Em alguns trechos existem degraus para conter a erosão, como os que ajudamos a fazer nas trilhas do Parque Nacional da Tijuca. Fizemos a primeira parada em um mirante, com uma vista muito impressionante do Monte Pescoço, em Itamaraju. Daquele ângulo, parece uma mistura de Agulha do Diabo e Dedo de Deus.

Dos vários mirantes do cume, vimos um mar de verde para todos os lados. Ao leste, bem longe, uma estreita faixa de areia e o Oceano Atlântico. Fiquei imaginando a esquadra de Cabral avistando aquele ponto, com 536 metros de altitude, tão destacado na paisagem. Não é de admirar que tenham pensado que se tratava de uma ilha.

Daniel Bonolo


Excursão ao Tijuca Mirim‹‹ anterior 
|
 próxima ››E essa solidariedade é a própria vida

Versão para impressão: