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Boletim n°11 - Dez. 2006
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Pico do Frade de Angra

Cela

Nos dias 14 e 15 de janeiro de 2006, a Unicerj realizou uma magnífica excursão com destino ao Pico do Frade de Angra, no Parque Nacional da Serra da Bocaina, excursão esta ainda inédita pelo Clube, valendo pelo Estágio Supervisionado da ETGE/2005 em que coube a mim a prazerosa tarefa de supervisionar o Guia Estagiário Thiago. O terceiro participante da excursão foi um amigo do Thiago, o Graziani de Miranda. Vale ressaltar que esta excursão, como as demais do Estágio, ocorreram em plena época das chuvas torrenciais, causadas pelo implacável verão tropical do Rio de Janeiro.

Após duas horas de viagem do Rio até a pacata cidade paulista de Bananal e mais duas horas e meia para cobrir os últimos 38 km restantes até a Pousada Brejal, numa precária estrada de terra, começamos a caminhada de dois dias, por volta das 9:00 horas. O objetivo, desde o início, era chegar, ao fim do primeiro dia, ao cume do Frade, bivacar e voltar no dia seguinte. Mas como o montanhismo não é uma ciência exata, dependíamos de alguns fatores para cumprir nosso objetivo.

Dois eram fundamentais: o clima deveria ajudar, já que nesta época os fins de tarde na Serra do Mar do sul fluminense costumam ser recheados de verdadeiros dilúvios e raios, uns dos maiores desafios a nós, montanhistas. O segundo fator que deveríamos superar era o desconhecimento da trilha, já que nenhum de nós três tinha feito esta caminhada. Mas não fomos no escuro, pois antes conseguimos um belo croqui, feito pelo José Augusto de Carvalho, montanhista de um grupo independente de São Paulo, o Trekking & Travessias. Vale registrar que sem este croqui o sucesso de nossa excursão seria ainda muito mais incerto...

De posse do croqui, seguimos pela caminhada sem muitos problemas. Apenas em alguns trechos tivemos dúvidas, já que existem muitas bifurcações pelo caminho, principalmente feitas por caçadores da região. Thiago, com seu apurado senso de orientação foi seguindo em frente, conduzindo muito bem a excursão. Fomos avançando num ritmo forte, perdendo o mínimo de tempo possível e realizando poucas paradas, principalmente por causa das mutucas.

Lembro que, a cada hora avançada na direção certa, o Thiago me falava: “É Cela, temos 30 (depois 40, 50, e assim por diante) por cento de chance de pernoitarmos no cume do Frade, com a Baía da Ilha Grande e todo o litoral sul fluminense aos nossos pés”.

E assim fomos aumentando nosso percentual de chance de chegar ao cume antes do anoitecer. Até que, por volta das 16:00 horas, chegamos num local com uma vista privilegiada do Pico do Frade e de todo o litoral. Fizemos uma merecida pausa para fotos (muitas!) e uns goles de água, já que para chegarmos até ali tivemos que vencer um grande desnível, o maior da caminhada até então. Dali até o cume, conforme previsto no croqui, levaríamos mais uma hora, contornando a pedra até chegarmos numa escada de madeira, que constitui a etapa final da subida.

Finalmente chegamos na base da escada, que de tão precária, restam apenas alguns degraus, mas que são de grande valia para subir um íngreme lance da caminhada. Para nossa maior segurança levamos uma corda de 30 metros e 3 fitas com mosquetões de rosca para nos encordarmos, que utilizamos sem pensar duas vezes. Na base da escada, seguindo a “tradição” da caminhada, o Thiago fala que temos 99% de chance de alcançarmos nosso objetivo. Em seguida, dou uma risada de grande satisfação para ele, vendo nossa meta cada vez mais próxima...

Vencido o trecho final, partimos para o cume. O Thiago, em sinal de agradecimento por tê-lo acompanhado até ali, permite que eu tenha a honra de ser o primeiro a chegar no cume. Um belo momento, inesquecível! Conseguimos! Havíamos vencido vários obstáculos e agora tínhamos nossa recompensa: um visual espetacular! Todo o litoral sul fluminense, a Baía da Ilha Grande e suas ilhas, além das praias do litoral norte paulista. Ao norte, o Vale do Paraíba e a Serra da Mantiqueira, com o maciço do Itatiaia bem ao fundo e suas inconfundíveis Prateleiras e Agulhas Negras ao alcance de nossas vistas. Um visual com a capacidade de maravilhar até mesmo o mais insensível dos seres humanos...

Depois de várias fotos e contemplações, armamos nossa barraca e fomos preparar nosso jantar, sob a luz intensa de uma lua completamente cheia, que há pouco tinha nascido no horizonte. Um jantar no cume do Pico do Frade, com aquela vista maravilhosa e ainda por cima sob lua cheia e um céu estupidamente estrelado, num clima de total paz e harmonia. Realmente, não poderíamos pedir mais nada, apenas agradecer a chance de podermos vivenciar aqueles momentos, que ficarão, com certeza, gravados pra sempre em nossas memórias. 


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