Filme de Juan José Campanella
O filme é argentino, de 2004. Aqueles que estiveram, ou viveram, recentemente no país hermano, reconhecem de pronto, no cenário, na composição dos personagens, os efeitos nefastos da crise econômica, herdada da era Menen.
O país, empobrecido, pode ter perdido um certo brilho, mas não perdeu o rumo. Os argentinos são orgulhosos de sua nacionalidade, percebem a importância da participação política (aprenderam com os gregos, aqueles caras que inventaram a democracia, há 2.500 anos).
O filme pode ser visto como uma metáfora: a Argentina é política e economicamente viável pela vontade e participação de seus cidadãos, iluminados pela História, ou a melhor saída é pelo aeroporto? Ou, ainda, a salvação é ceder tudo ao capital internacionalizante, com seu discurso de criação de empregos? Até que seja mais lucrativo migrar o investimento para outro país, bem entendido.
Os personagens, rigorosamente todos sócios do Clube da Lua de Avellaneda, vão resistindo bravamente à decadência. Um dia com 8.000 sócios, hoje a associação conta com menos de 300 pagantes. Mas está inserida naquela localidade como única alternativa de lazer e convívio social caloroso, especialmente para os dois extremos da linha da vida: os mais novos e os mais velhos. Vivendo os conflitos e as paixões do dia-a-dia humano, defrontam-se com um dilema fundamental: manter o Clube e lutar pela sua recuperação ou ceder à proposta de transformar o lugar num cassino, com a garantia de duas centenas de empregos?
Assistam, e descubram como o anticlímax, perto do final, acaba por apontar para uma outra, apaixonada, solução, de quem deve aprender com o passado e se projetar para o futuro.
Celeste