Das Torres del Paine aos Lençóis Maranhenses
No ano de 2007 tive a oportunidade de compartilhar com os grandes companheiros da Unicerj as duas excursões mais pesadas que já fiz: o Circuito O/W do Parque Nacional Torres del Paine, no Chile; e a Travessia do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, no Brasil.
Osiris, Débora Moreira, Monica Rebelo, André Alonso e Marcos Dias (os dois últimos durante todo o percurso, os demais parcialmente) foram os companheiros da expedição chilena. Cela, Jolie Kwee, Annanda Lourenço e Luiz Henrique Moreira os da aventura pelo "deserto brasileiro".
Olhando o mapa e analisando o relevo e o clima, é fácil perceber a enorme distância (aproximadamente 6.000 km) e as grandes diferenças entre os dois parques, em extremos opostos da América do Sul. No sul, a paisagem é dominada por rocha e gelo por todos os lados. No norte, uma imensidão de areia e a estreita linha do mar ao longe.
Na Patagônia, o calor do Sol é um alento quase materno para o caminhante, enquanto o vento gelado do Pólo Sul chega a dificultar o equilíbrio, impõe o uso de agasalhos, anoraque e, muitas vezes, calçoraque. No Maranhão, o vento constante de leste para oeste, mesmo sentido da caminhada, alivia tanto impulsionando a cada passo quanto diminuindo a sensação de calor provocada pela irradiação impiedosa do Astro-Rei.
E a água!!! Nosso bem mais precioso! As lagoas do Paine apresentam as mais diversas tonalidades de azul e verde, inacreditáveis e irreproduzíveis pelas câmeras fotográficas. As temperaturas das águas, oriundas de degelo, causariam hipotermia em poucos minutos. Em pleno verão. As lagoas dos Lençóis, enormes reservatórios de água pluvial, refletindo o azul do céu sempre limpo de inverno, ofereciam a chance de abastecer os cantis e refrescar o corpo.
Porém, algumas coisas são idênticas, como o reflexo branco do sol que ofusca e exige o uso de óculos escuros.
Ambos são mundialmente famosos e rota quase obrigatória dos europeus que por aqui passam. A estrutura turística oferece diversas opções para viajantes, banhistas, caminhantes e ciclistas. Escaladas no Paine, bugre nos Lençóis.
As duas caminhadas, uma feita em 7 dias, outra em 3, demandam um esforço físico gigantesco. Carregando mochilas cargueiras mais altas que nós, passar por pontes suspensas, pedras soltas cobertas de neve, dunas de areia e grandes áreas alagadas torna-se um grande desafio.
Mas o que fica marcado e mais vivo na memória são as belezas naturais. O Sol indo dormir na linha do horizonte, nos convidando também para uma merecida noite de descanso. O céu limpo e cheio de estrelas, sem sinal de poluição ou luz artificial. O nascer da Lua iluminando os acampamentos. As paisagens completamente distintas, incomparáveis, igualmente espetaculares. E a valorosa e agradabilíssima companhia dos amigos.
Bonolo
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