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NOTA DE REPÚDIO

A Unicerj denuncia e torna público, mais uma vez, um fato que vem acontecendo há décadas, resultado de uma falsa hegemonia de conceitos e modos de se praticar o Montanhismo. Os que apregoam essa pretensa unanimidade de como se deve ascender as montanhas adotam e seguem regras por eles próprios criadas, e querem impor a submissão a todos montanhistas desse estilo de conquistar vias de escalada, se arvorando num direito, não constituído, para execrar do meio social os montanhistas que pensam diferente e não concordam com essas posturas. E, como é típico de pessoas autoritárias, agem com violência, e quebram as proteções das vias de escaladas não ajustadas aos seus mandamentos. Essa nota de repúdio trata do tema, agora especificamente da recente desfiguração da via de escalada denominada Paredão Celia Pereira Caldas, localizada no Morro da Moganga, Floresta da Tijuca, RJ, via idealizada pelo Guia da Unicerj François de Paiva, e conquistada no dia 29/06/2019. Esta via, que demandou sete investidas na sua conquista, com ampla participação de Guias e associados do Clube, classificada por nós como uma Escalada Difícil, tem 188 metros de extensão, onde foram instalados um total de 47 grampos de 13 mm, incluindo os grampos duplos nos pontos de parada, de subida e descida. A destruição dessa via de escalada, compulsada pelas mentes desses montanhistas arbitrários e opressivos, vilanizou quebrando a quase totalidade dos grampos da via. Essa mesma atitude, de ataques descomedidos a outras vias de escaladas, do mesmo modo, vandalizaram o Paredão Quarup, em Petrópolis, no ano de 1982, a Variante Gilda Borges e a Descida Rio de Janeiro, no Dedo de Deus, no ano de 1999 e o Paredão José Zaib, na Agulhinha de Gávea, nos anos 1999 e 2003.

Há anos essa controvérsia ocupa com frequência as discussões na comunidade montanhística, e nós, da Unicerj, mantemos nosso posicionamento com coerência, refletido nas Cartas Abertas aos Montanhistas do Rio de Janeiro e à Sociedade, publicadas pouco antes da fundação do nosso Clube, da qual, reproduzimos abaixo, um parágrafo que por si só traduz nossas convicções.

"Se reduzirmos ao absurdo o raciocínio deturpado de que não se deve bater grampos em locais onde apenas uma minoria de escaladores pode passar, chegaremos ao ponto em que qualquer um poderá alegar, até mesmo falsamente, de já ter conquistado as mais impossíveis vias. Ou seja, é igualmente absurdo imaginar que todas as vias possíveis de nossas montanhas já foram conquistadas, simplesmente porque alguém já esteve em sua base ou a fez com seu próprio estilo."

Assim como restauramos completamente à época o Paredão Quarup, a Descida Rio de Janeiro, a Variante Gilda Borges e o Paredão José Zaib, inconformados com a ignomínia perpetrada no Morro da Moganga, já iniciamos a regrampeação do Paredão Celia Pereira Caldas, que em breve voltará a ser uma via de escalada com o padrão de segurança das vias conquistadas pela Unicerj.

Rio de janeiro, 14 de maio de 2022.

Diretoria Executiva

União de Caminhantes e Escaladores Rio de Janeiro - Unicerj



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