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Boletim n°16 - Abr. 2012
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Parques e Praças

“Nos primeiros tempos do Passeio Público, o povo corria para ele, e o nome de Belas Noites, dado a rua das Marrecas, vinha de serem as noites de luar as escolhidas para as passeatas. Sabeis disso; sabeis também que o povo levava a guitarra, a viola, a cantiga, e provavelmente o namoro. O namoro devia ser inocente, como a viola e os costumes. Onde irão eles, costumes e instrumentos?”
Machado de Assis*
“A Semana”, crônica de 5 de maio de 1895

Ao longo das últimas décadas, temos sido acostumados com o abandono de áreas públicas de interesse da sociedade por governantes de todas as esferas. O descaso leva a uma situação precária de manutenção, que muitas vezes torna o local perigoso. As soluções apontadas e colocadas em prática pelas autoridades são questionáveis. E muitas delas vêm sendo adotadas também na administração das Unidades de Conservação.

Exemplos comuns são nossas praças públicas. Não é raro encontrá-las virando depósito de lixo, com piso depredado e monumentos vandalizados. As pessoas evitam passar pelas praças, principalmente à noite, quando a escuridão e o pouco movimento favorecem assaltos e outros crimes.

Comumente a solução adotada pelas autoridades é cercar as praças com grades, impedindo ou limitando a circulação dos cidadãos pela área. Em alguns casos, a restrição é aplicada em horários específicos, entretanto há praças que são mantidas simplesmente fechadas. A população em geral perde esses espaços e geralmente não nos damos conta disso. O problema da utilização inadequada por alguns é solucionado com o afastamento de todos.

Esse mesmo encaminhamento é defendido por muitos no que diz respeito aos Parques Nacionais e Unidades de Conservação afins. Segundo essa corrente de pensamento, fechar os espaços e afastar os visitantes resulta em maior preservação. Será mesmo?

O que vemos na prática, tanto nas praças quanto em áreas de preservação ambiental, é que espaços fechados para a população não recebem qualquer tipo de manutenção ou fiscalização, tornando-se locais propícios para a prática de atividades ilegais. Áreas chamadas “intangíveis” se configuram em “abandonadas”. Caçadores, extratores de palmito, coletores de bromélias, traficantes de animais e até traficantes de drogas utilizam as nossas áreas protegidas para se esconderem e praticarem seus crimes.

No caso das praças públicas, recentemente temos visto um movimento de reabertura no Rio de Janeiro e a consequente reocupação pelos cidadãos.

A Praça São Salvador, em Laranjeiras, hoje é frequentada por famílias com crianças e também recebe no Carnaval centenas de foliões de todas as idades, que vão se divertir saudavelmente ao som das antigas e famosas marchinhas.

No Largo do Machado, bem em frente ao nosso Clube, foram instalados os equipamentos da “Academia da Terceira Idade”. O número de pessoas circulando pela praça aumentou e caíram os números de jovens cheirando cola, de pequenos roubos e de assaltos aos motoristas nos sinais.

Já no Centro, a Praça Tiradentes foi reformada agora em 2011. Os monumentos foram limpos, a praça recebeu manutenção nos bancos, iluminação e pintura. E, principalmente, as grades foram completamente removidas. É comum, atualmente, em qualquer dia da semana, vê-la ocupada pelo povo e seus costumes, mesmo à noite. Crianças com bolas ou velocípedes, jovens lendo, idosos conversando e até os casais, no seu namoro inocente. Quem sabe em breve a guitarra, a viola e as cantigas em noites de luar?

Esperamos ver essa mudança de paradigma também nas Unidades de Conservação.
Bonolo
* Machado de Assis foi homenageado pela Unicerj em 15 de abril de 2007 com uma conquista, a Descida Machado de Assis, no Pico do Itabira, ES. Sua obra completa, incluindo diversas crônicas, pode ser acessada em: www.dominiopublico.gov.br


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