A UNICERJ e a Escola de Guias
Desde a fundação da UNICERJ, em 17 de abril de 1998, temos nos empenhado no sentido de formar novos Guias.
Só para se ter uma idéia da importância do Guia, vale lembrar que em todas atividades montanhistas promovidas pela UNICERJ, sejam elas caminhadas ou escaladas, há sempre, pelo menos, um Guia presente. Nós sabemos que não é fácil formar um Guia Montanhista, seja Caminhante ou Escalador. Mas é um esforço que vale a pena, pois representa a preservação do montanhismo praticado com segurança, respeito ao ser humano e à natureza.
Desse modo, nosso Clube ao completar o primeiro ano de existência, com muito esforço, formou três Guias. Dos dez alunos que iniciaram, esta Escola de Guias só três se formaram. No segundo ano, conseguimos graduar mais seis, sendo que dois Guias Caminhantes e quatro Guias Caminhantes e Escaladores. Assim sendo, somando-se aos sócios fundadores que já eram Guias, quando da fundação da UNICERJ, hoje contamos com 18 Guias.
Durante boa parte do ano 2000 aguardamos que houvesse um grupo de sócios interessados e que tivessem a experiência e maturidade mínima, montanhista e humana, para cursar uma nova turma da Escola de Guias.
Atrasamos alguns meses esperando e somente em outubro de 2000 conseguimos reunir um grupo com tais características e iniciamos esse novo curso, o terceiro, desde a fundação do nosso Clube. Nós temos consciência da dificuldade cada vez maior de encontrar, nos dias de hoje, pessoas motivadas, dedicadas e até mesmo abnegadas, que disponham de tempo - o mais imprescindível de todos os recursos - bem como tenham a vontade férrea e entusiasmo vital para cursar uma E.T.G.E. (Escola Técnica de Guias Excursionistas, ou simplesmente Escola de Guias).
 Quando o curso começou, os melhores meses do ano já tinham passado. Veio o verão, com o sol implacável e as chuvas colossais características. Durante os meses seguintes tivemos belas excursões, mas ao mesmo tempo, vimos que muitas pessoas que gostariam de prosseguir cursando esta Escola de Guias foram abandonando o curso, pelos mais diversos motivos. O fato é que não é tarefa das mais prosaicas levar até o final uma Escola de Guias. Ao menos na UNICERJ, onde é preciso muita seriedade e a presença sistemática nas atividades planejadas com antecedência e realizadas com regularidade, como podem ser constatados em nossos Boletins Informativos ou nos relatórios do Departamento Técnico.
Nós, Guias e Diretores da UNICERJ nunca nos iludimos e estamos conscientes das dificuldades. Não somos de esmorecer diante das tempestades mais assustadoras.
Temos décadas de experiência no montanhismo e sabemos muito bem o que é lutar pela viabilização de um projeto pleno de beleza, mesmo que muitos montanhistas prefiram ignorar e até mesmo tentem rejeitar. Por ignorância ou má fé fingem não perceber a profundidade, a abrangência humana e a sabedoria verdadeiramente ecológica de nossas atividades, sejam elas regrampeações ou conquistas.
Nosso projeto montanhístico-existencial, consubstanciado na sigla MASENC (Montanhismo Amador, Solidário, Ecológico e Não Competitivo) não constitui um amontoado de palavras vazias de sentido, mas representa o embasamento filosófico e ideológico de nossa prática como montanhistas e cidadãos. Nossos valores não se encontram no mercado e nós não estamos preocupados com a pretensa hegemonia que alguns grupos arvoram possuir.
Nosso pensamento e ação leva em conta não só as plantas, os animais e as rochas das montanhas, mas também a natureza como um todo e principalmente a sociedade nela inserida. Isto é ser genuinamente ecológico.
Quando nos batemos pela NÃO COMPETIÇÃO, dentro do montanhismo ou fora dele, nos baseamos em convicções profundas e autênticas, mesmo sabendo que vivemos num mundo em que por estupidez, alienação ou opção individualista exacerbada, há os que preferem competir, até mesmo com a própria sombra.
 Não é de hoje que nós da UNICERJ estamos lutando num ambiente muitas vezes hostil, que nos entristece pela incompreensão. Mas tudo isso não nos faz esmorecer.
O fato é que os fundadores desse Clube, bem como os que a ele se incorporaram após a fundação e continuam conosco, sabem o quanto é difícil remar contra a correnteza dos modismos dos que se dizem éticos mas não têm idéia do que seja ética. Montanhistas que dizem defender a ética mas não conseguem pensar por si mesmos, repetindo acriticamente um disco quebrado de indigência intelectual assustadora.
O primeiro ponto a mencionar com relação ao embrutecimento banalizador dos tempos atuais de "verdades inquestionáveis", pseudoéticas do montanhismo contemporâneo em nosso país periférico, é sua absurda tentativa de monopolizar o modo como o montanhismo deva ser praticado.
Urge preservar o espaço de liberdade que ainda existe no montanhismo. Não é razoável quase todo mundo agir como uma boiada a caminho do matadouro, adotando uma postura suicida quanto à forma de praticar um ESPORTE, que já foi chamado DIFERENTE por não requerer competições ou regras rígidas pré-determinadas.
Neste sentido, é preciso recuperar a diversidade de caminhos e a pluralidade de opiniões, para que o montanhismo deixe de ser um reduto exclusivo de fundamentalistas pseudo-iluminados.
Nada melhor, neste sentido, que manter uma Escola de Guias permanente. E que cada Clube cumpra o seu papel, preservando a sua filosofia e os seus valores, que possuem evidentemente pontos em comum com as idéias e ações de outros Clubes, mas guardam suas especificidades, frutos de sua própria história.
Neste sentido, a UNICERJ espera estar cumprindo o seu papel: ajudar a manter acesa a chama do montanhismo amador, dentro do que acredita valer a pena. Cada Clube que lute e faça brilhar o seu projeto.
Nós estamos conscientes dos obstáculos quase intransponíveis. Sabemos também que poucos alunos conseguem concluir uma E.T.G.E. Não importa.
Começamos este curso há mais de um ano com uma turma de doze alunos e a maioria já desistiu. Contudo, há os que ainda prosseguem e que continuam a acreditar que poderão se formar. Nós estaremos ao lado deles quando estiverem iniciando seus Estágios Supervisionados. Falta pouco. E mesmo para os que desistiram ficou alguma coisa. Algo precioso e indizível, um por de Sol, um lance difícil superado, um bivaque inesquecível, uma escalada memorável, uma descida vertiginosa bem como a companhia de amigos verdadeiros, aptos a recebê-los de braços abertos em 2002, se assim desejarem, na próxima Escola de Guias.
Santa Cruz
Excursões Realizadas pela E.T.G.E.
de outubro de 2000 a junho de 2001
- TRAVESSIA DA BOCAINA
PARQUE NACIONAL DA SERRA DA BOCAINA
12, 13 e 14 - outubro - 2000
Guias: Tarcisio, Koiller e Leo
07 Participantes
- CHAMINÉ STOP
PÃO DE AÇÚCAR
11 - novembro - 2000 - sábado
Guias: Leandro, Leo e Santa Cruz
09 Participantes
- DEDO DE DEUS
PARQUE NACIONAL DA SERRA DOS ÓRGÃOS
09 - dezembro - 2000 - sábado
Guias: Santa Cruz, Borges, Leo, Cassio e Sonia.
08 Participantes
- TRAVESSIA DOS OLHOS
PEDRA DA GÁVEA
14 - fevereiro - 2001 - sábado
Guias: Leo, Borges, Zaib, Sonia, Cassio e Santa Cruz
11 Participantes
- 9ª INV. DE RESTAURAÇÃO DO PAR. C.E.P.I.
PÃO DE AÇÚCAR
17 - fevereiro - 2001 - sábado
Guias: Leo, Tarcísio e Santa Cruz
06 Participantes
- TRAVESSIA RIO DA PRATA - VARGEM GRANDE
PARQUE ESTADUAL DA PEDRA BRANCA
10 - março - 2001 - sábado
Guia: Tarcisio
06 Participantes |
- PAREDÃO OSVALDO PEREIRA
ALTO MOURÃO, NITERÓI
07 - abril - 2001 - sábado
Guias: Hugo e Cassio
05 Participantes
- PAREDÃO RODOLFO CHERMONT
CAPACETE, SALINAS
05 e 06 - maio - 2001 - sábado e domingo
Guias: Santa Cruz
04 Participantes
- GARRAFÃO
PARQUE NACIONAL DA SERRA DOS ÓRGÃOS
19 e 20 - maio - 2001 - sábado e domingo
Guias: Christian e Borges
04 Participantes
- VIA SYLVIO MENDES
PICO MAIOR DE FRIBURGO, SALINAS
02 e 03 - junho - 2001 - sábado e domingo
Guias: Leo, Cassio e Sonia
05 Participantes
- PAR. QUARUP & DES. BRASIL CENTRAL
PETRÓPOLIS, RJ
23 - junho - 2001 - sábado
Guias: Santa Cruz
03 Participantes
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