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Quarta-feira, 24 de abril de 2024

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Boletim n°3 - Ago. 1999
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Paredão Brasópolis

Uma conquista da UNICERJ no sul de Minas Gerais

Croqui


A Serra da Mantiqueira no sul de Minas Gerais oferece algumas das mais belas paisagens de montanha do Brasil. Em uma pequena extensão de menos de 100km, os maciços do Itatiaia, da Serra Fina e do Marins erguem-se a mais de 2.400 metros de altura. As Agulhas Negras, ponto culminante do maciço do Itatiaia, são bem conhecidas dos excursionistas. Mas as outras montanhas da região são bem menos visitadas e delas se ouve muito pouco. São porém de rara beleza e nelas ainda se desfruta do sossego que se torna cada vez mais raro em Itatiaia. Tive a oportunidade de visitar o Maciço do Marins duas vezes, em 1992. Na primeira, em fevereiro de 1992, com minha esposa Rita Montezuma, tivemos cinco dias de chuva que sequer nos permitiram ver a montanha. Em outubro de 1992, com os companheiros da UNICERJ Christian Costa e Adriana Lanziotti, chegamos ao cume do Pico do Marins que, com 2.440 metros de altura, é o mais alto do estado de São Paulo.

Em minha profissão de astrônomo, visito com frequência o Observatório do Pico dos Dias, situado a 1.870m de altitude, bem próximo da cidade de Brasópolis. O acesso a esta cidade passa por belas paisagens da Mantiqueira do sul de Minas próximo a Itajubá, descortinando vistas do Pico do Marins e do Itaguaré. Durante as longas estadias no Pico do Dias, em missões de observação, não deixei de reparar na existência de paredes muito interessantes nas montanhas vizinhas. O posto de observação do Pico dos Dias é privilegiado, dominando em altura os picos vizinhos e permitindo uma linda vista do Marins, do Itaguaré e da Serra Fina, recortados cristalinamente no céu da alvorada, vista que contemplei muitas vezes nas auroras claras após trabalhar durante toda a noite. Esta região, com exceção da Pedra do Baú, mais próxima de São Paulo, permanece bastante inexplorada pelos escaladores, e a quantidade de vias a se conquistar é imensa. Tive notícias recentes de uma certa movimentação de pessoas interessadas em montanhismo na região de Itajubá e Brasópolis, e já sei de conquistas realizadas na cidade vizinha de Pedralva. Podemos estar presenciando o nascimento de uma nova região para a prática do montanhismo.

Em 1991 minha atenção foi atraída para uma pequena parede localizada do lado noroeste do Pico dos Dias. Era uma face de pedra escura e livre de vegetação terminando quase no cume da montanha, bem visível da passarela do prédio do telescópio de 1,60 metros de abertura, o maior do Observatório. O paredão possui mais de 100 metros de extensão e obviamente daria uma interessante conquista, e de fácil acesso a quem como eu passava diversos dias no cume. Não demorou muito para que eu me propusesse a dar um primeiro passo no desbravamento montanhístico da região de Brasópolis.

Devido às razões sempre profissionais de minhas visitas à montanha, a única possibilidade de conquista seria grampeando a parede de cima para baixo, embora esta não seja a forma com que nós da UNICERJ temos conquistado as nossas escaladas. Em 11 de novembro de 1993, com meu colega astrônomo Rundsthen Nader, fiz uma primeira investida, batendo dois grampos no fim do paredão, onde ele encontra um trecho de floresta já bem próximo do cume. Realizei uma investida mais, com minha esposa Rita Montezuma, em 5 de fevereiro de 1995, batendo mais três grampos. Deixei a parede descansar durante um período antes de voltar com muita vontade, quando, sozinho em quatro investidas, de 4 e 5 de julho e 4 e 5 de setembro de 1998, bati um total de 14 grampos e dei por concluída a nova via. Com uma extensão de 115 metros, ela oferece bonitos lances de agarras e aderências de dificuldade moderada. O Paredão Brasópolis, como o batizei em homenagem à acolhedora cidade vizinha, foi inaugurado em 23 de abril de 1999, quando o realizei pela primeira vez da base ao cume escalando em duas cordadas com o colega astrônomo João Braga, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, e mais dois amigos seus de São José dos Campos, Edilson Camargo e Fernando Aguiar. Nesta ocasão dupliquei mais um grampo de parada.

Ofereço esta escalada a toda a comunidade de montanhistas, desejando também chamar a atenção para o belo potencial montanhístico da região do sul de Minas Gerais.

Gustavo Mello


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