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Quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

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Boletim n°2 - Jan. 1999
Montanhismo e Pensamento Único‹‹ anterior 
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Descidas

Fonte de Emoção e Sabedoria

Descidas complementam as escaladas num processo dialético, possibilitando emoções diferentes daquelas encontradas nas subidas.

Quem não sabe o que é conquistar uma descida pode pensar equivocadamente que se trata de uma atividade menor no montanhismo. Contudo, os que procuram ver o montanhismo como uma atividade integrada, sabem que a plenitude da montanha envolve tanto subidas como descidas.

Os que escalam com entusiasmo e paixão já descobriram que uma descida constitui uma fonte inesgotável de emoção e sabedoria.

Conquistar uma via de descida é uma opção tão digna quanto conquistar uma via de escalada. Tal como nas subidas, pode ser uma empreitada extremamente difícil e desafiadora. Pois, uma vez "queimadas as caravelas"* , não dá mais para voltar.

Em descidas, simplesmente não dá para improvisar. Se alguma coisa sai errada as consequências podem ser irreversíveis, como na vida.

Por tudo isso e muito mais, precisamos reafirmar a beleza das descidas.

Santa Cruz


* Na conquista da América os espanhóis teriam literalmente queimado os seus barcos. Assim, os guerreiros eram obrigados a lutar até o fim, antes que novas caravelas chegassem, meses depois, da Europa. Analogamente comparamos este fato ao recolhimento da corda após o primeiro rappel.


A seguir relacionamos, em ordem cronológica, 47 conquistas de descidas onde sócios da UNICERJ participaram. Listamos suas respectivas localizações, classificações e número de rappels.

1) Des. Henry Thoreau (1984)
Agulhinha Beija Flor, PNSO
Vertiginosa - 01 Rappel

Descida negativa diretíssima que começa no cume e termina na base Fis. Mariana (1991).

2) Des. Georgescu-Roegen (1984)
Morro da Babilônia, Rio
Muito Inclinada - 03 Rappels

Permite descer do Par. Entropia (1985) sem ter que descalar a seqüência de lances horizontais iniciais.

3) Des. Argonauta (1986)
Asa de Hermes, PNI
Vertginosa - 01 Rappel

Belíssima descida desde o cume pontiagudo até a base, com um visual magnifico do Parque Nacional do Itatiaia.

4) Des. Akira Kurosawa (1986)
Segundo Dedinho, PNSO
Pouco Inclinada - 01 Rappel

Descida do cume do Segundo Dedinho até o colo da Gruta Bendy, voltada para o Dedo de Deus.

5) Des. Anton Tcheckov (1986)
Cabeça de Peixe, PNSO
Muito Inclinada - 01 Rappel

Começa no cume principal do Cabeça de Peixe e vai até a base da Cha. Caram Nicolau (1989).

6) Des. Mário Quintana (1988)
Frade, Cachoeiro do Itapemerim, ES
Muito Inclinada - 01 Rappel

Descida do cume do Pico do Frade, do lado oposto à Pedra da Freira. Evita rapelar pelo artificial final.

7) Des. Henrik Ibsen (1988)
Cabeça de Peixe, PNSO
Pouco Inclinada - 01 Rappel

Acesso secundário à base da Cha. Caram Nicolau.

8) Des. Luigi Pirandello (1988)
Cabeça de Peixe, PNSO
Vertiginosa - 01 Rappel

Leva à base da Fis. Luis Sayão (1989) num único rappel negativo de rara beleza.

9) Des. Daniel Alvarenga (1990)
Dedo de Nossa Senhora, PNSO
Muito Inclinada - 10 Rappels

Descida vertical diretíssima que se inicia na base da Var. Willy Chen (1990) e vai até o colo a oeste do Par. Bendy (1934).

10) Des. Terror da Escola de Guias (1990)
Pão de Açúcar, Rio de Janeiro
Muito Inclinada - 02 Rappels

Descida no meio da Cha. Stop (1944), à esquerda dos lances que são conhecidos como Terror da Escola de Guias.

11) Des. Rosa dos Ventos (1991)
Nariz do Frade, PNSO
Vertiginosa - 02 Rappels

Descida que evita ter que se passar pelas chaminés utilizadas na subida, permitindo um visual muito bonito, além da eficiência.

12) Des. Flavia Prado (1992)
Primeiro Dedinho, PNSO
Pouco Inclinada - 10 Rappels

Descida diretíssima do Primeiro Dedinho, que termina ao lado da base das Pedras Soltas, na caminhada do Dedo de Deus.

13) Des. Noite Veloz (1992)
Pedra da Amizade, Petrópolis
Muito Inclinada - 09 Rappels

Descida do Par. Che Guevara (1991), que evita as sequências horizontais e diagonais da escalada.

14) Des. Malcom X (1992)
Morro da Boa Vista, Prainha, Rio
Muito Inclinada - 02 Rappels

Pequena descida no meio do Par. Bom Crioulo (1988), muito útil no regresso à base.

15) Des. Juan Rulfo (1992)
Capacete, Salinas, Nova Friburgo
Vertiginosa - 02 Rappels

Descida retificadora que leva à base do Par. Rodolfo Chermont (1991), recomendada quando se retorna do Capacete.

16) Des. Robert Frost (1993)
Pontão Norte, Agulhas Negras, PNI
Muito Inclinada - 01 Rappel

Descida que leva diretamente ao vale da Asa de Hermes, agilizando o retorno ao Abrigo Rebouças.

17) Des. Ic Rodus Ic Salta (1993)
Pedra do Ídolo, Prateleiras, PNI
Muito Inclinada - 01 Rappel

Descida que segue a face oposta da Cha. Brackmann (1966), desde o cume até a base.

18) Des. Julio Cortázar (1993)
Prateleiras, PNI
Muito Inclinada - 01 Rappel

Pequena descida retificadora da Face Sul das Prateleiras, que evita ter que passar sob a gigantesca pedra equilibrada.

19) Des. Vinhas da Ira (1993)
Morro da Babilônia, Rio
Vertiginosa - 01 Rappel

Descida negativa próxima ao cume, que leva ao final da subida do Par. Luiz Arnaud (1993).

20) Des. Victor Jara (1993)
Irmão Menor de Jacarepaguá, Rio
Vertiginosa - 05 Rappels

Bela descida desde o cume até a base do Par. Emilio Comici (1967) que otimiza o regresso à base.

21) Des. Estrela da Manhã (1993)
Torre Sul de Bonsucesso, Teresópolis
Pouco Inclinada - 01 Rappel

Descida que liga o cume da Torre Sul à trilha da Torre Central e da Torre Norte de Bonsucesso.

22) Des. Amazônia (1993)
Torre Central de Bonsucesso, Teresópolis
Vertiginosa - 13 Rappels

Descida diretíssima da Torre Central de Bonsucesso que tangencia pontos da Cha. Brasil (1993) até a base.

23) Des. Jacy Quintas (1993)
Morro das Andorinhas, Atílio Vivacqua, ES
Vertiginosa - 02 Rappels

Descida alternativa da Cha. UNICERJ (1988) que evita ter que se descer pelas tenebrosas chaminés estreitas horizontais.

24) Des. Educação, o Maior Recurso (1993)
Andaraí Maior, PNT, Rio
Muito Inclinada - 03 Rappels

Descida da 1ª parte do Par. Leonel Brizola (1993) que permite chegar à base com mais eficiência do que rapelando pela escalada.

25) Des. Gaia (1994)
Mirante do Inferno, PNSO
Muito Inclinada - 01 Rappel

Pequena descida do cume do Mirante, ao lado do Par. Sede de Montanha (1987).

26) Des. Mãe Terra (1994)
Morro da Babilônia, Rio
Muito Inclinada - 01 Rappel

Pequena descida localizada na primeira metade do Par. Lindaurea (1986), evitando o excesso de atrito no recolhimento da corda.

27) Des. Sergio Carvalho (1994)
Frade, Cachoeiro do Itapemirim, ES
Vertiginosa - 12 Rappels

Descida diretíssima do Pico do Frade com rappels negativos espetaculares na face mais íngreme do Frade e Freira.

28) Des. Alumbramento (1985)
Morro dos Cabritos, Frades, Teresópolis
Muito Inclinada - 09 Rappels

Descida na face oposta ao Par. Mario Arnaud (1986), permitindo retorno eficiente, com visual magnífico do Pico Maior.

29) Des. Pablo Neruda (1995)
Pedra da Cruz, PNSO
Vertiginosa - 05 Rappels

Diretíssima do cume até a Trilha Marginal da Pedra da Cruz (1984). Possui um negativo muito impressionante.

30) Des. Diretíssima do Telégrafo (1995)
Morro do Telégrafo, Niterói
Vertiginosa - 08 Rappels

Passa pelos famosos "buracos do telégrafo" e vai até a base em arrojados rappels com visual inacreditavelmente belo.

31) Des. Rio de Janeiro (1995)
Dedo de Deus, PNSO
Vertiginosa - 14 Rappels

Trata-se da maior e mais desafiadora descida conquistada até hoje no Dedo de Deus. Começa no cume, no final do Die. Salomyth (1982), prosseguindo por 255,02 metros de rappels até chegar na bifurcação.

32) Des. Giordano Bruno (1995)
Dedo de Deus, PNSO
Pouco Inclinada - 09 Rappels

Trata-se da continuação da descida Rio de Janeiro pela encosta dos Dedinhos a partir da bifurcação, até a base das Pedras Soltas.

33) Des. Thiago de Mello (1995)
Garrafão, PNSO
Muito Inclinada - 02 Rappels

Pequena descida próxima ao cume do Garrafão que evita que se tenha que descer pela Via Normal (1934).

34) Des. Mir (1995)
Escalavrado, PNSO
Pouco Inclinada - 05 Rappels

Descida da primeira parte do Par. Hélio Paz (1983), que leva até a estrada. Muito útil sob temporal, o que não é raro.

35) Des. Valdecir Bento (1995)
Morro das Andorinhas, Atílio Vivacqua, ES
Vertiginosa - 01 Rappel

Segunda descida alternativa da Cha. UNICERJ (1988). É um singular rappel assustador de 65 metros a partir de um teto gigantesco.

36) Des. Leviatã (1995)
Campo Escola do Paquequer, PNSO
Vertiginosa - 01 Rappel

Descida negativa, adequada a treinamentos quando se faz o bivaque do Paquequer.

37) Des. Galileu Galilei (1996)
Dedo de Deus, PNSO
Vertiginosa - 07 Rappels

Segunda Descida Vertiginosa do Dedo de Deus. Começa após o 2º rappel da Des. Rio de Janeiro (1995) e vai até o início do Die. Salomyth (1982).

38) Des. Rosa Luxemburgo (1996)
Morro da Babilônia, Rio
Muito Inclinada - 02 Rappels

Via que permite uma ótima opção de descida após a escalada do Par. Vilma Arnaud (1993), evitando descer os lances horizontais.

39) Des. Terra e Liberdade (1996)
Prateleiras, PNI
Vertiginosa - 01 Rappel

Diretíssima desde o cume da Fis. Sylvia Chen (1996). Constitui uma descida única negativa espetacular no meio do nada, até a base.

40) Des. Íris (1996)
Pedra do Altar, PNI
Muito Inclinada - 03 Rappels

Descida do cume da Pedra do Altar até a trilha do Percurso Rebouças-Mauá.

41) Des. Montanhismo Amador (1996)
Dedo de Deus, PNSO
Vertiginosa - 03 Rappels

Terceira Descida Vertiginosa, localizada na Face Noroeste. Liga o cume à passagem do Leser da Via Teixeira (1912). Depois é só prosseguir descendo a Via Original de 1912.

42) Des. Yanomami (1996)
Morro da Babilônia, Rio
Muito Inclinada - 03 Rappels

É a descida do Die. Infernal (1977), evitando os zig-zags da escalada.

43) Des. Miraflores (1997)
Dedo de Deus, PNSO
Vertiginosa - 05 Rappels

Quarta Descida Vertiginosa. Começa no Platô Intermediário do Die. Salomyth e termina entre a Face Leste e a Bifurcação. É o prosseguimento natural da Des. Rio de Janeiro a partir do Platô Intermediário.

44) Des. Brasil Central (1997)
Pedra do Pastor, Petrópolis
Pouco Inclinada - 08 Rappels

É a descida do Par. Quarup (1982), evitando que se tenha que descer pelos lances diagonais e horizontais da subida.

45) Des. M.A.S.E.N.C. (1997)
Pão de Açúcar, Urca, Rio
Vertiginosa - 05 Rappels
Montanhismo Amador, Solidário, Ecológico e Não Competitivo.

Constitui a primeira descida conquistada no grande negativo da face sul. Começa no segundo grampo da Var. Tarcisio Rezende (1990). Possui um dos visuais mais impressionantes do Rio de Janeiro e um Rappel negativo de arrepiar a medula.

46) Des. Amigo da Onça (1998)
Pico do Itabira, Espírito Santo
Muito Inclinada - 02 Rappels

Providencial descida que evita ter que se fazer as horizontais do início da Cha. Cachoeiro, permitindo que se atinja a base com eficiência.

47) Des. Anamaria (1998)
Bico Maior, Teresópolis
Vertiginosa - 06 Rappels

Descida Diretíssima desde o cume do Bico Maior até a base, passando por negativos belíssimos e desafiadores.



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