Fonte de Emoção e Sabedoria
Descidas complementam as escaladas num processo dialético, possibilitando emoções diferentes daquelas encontradas nas subidas.
Quem não sabe o que é conquistar uma descida pode pensar equivocadamente que se trata de uma atividade menor no montanhismo. Contudo, os que procuram ver o montanhismo como uma atividade integrada, sabem que a plenitude da montanha envolve tanto subidas como descidas.
Os que escalam com entusiasmo e paixão já descobriram que uma descida constitui uma fonte inesgotável de emoção e sabedoria.
Conquistar uma via de descida é uma opção tão digna quanto conquistar uma via de escalada. Tal como nas subidas, pode ser uma empreitada extremamente difícil e desafiadora. Pois, uma vez “queimadas as caravelas”* , não dá mais para voltar.
Em descidas, simplesmente não dá para improvisar. Se alguma coisa sai errada as consequências podem ser irreversíveis, como na vida.
Por tudo isso e muito mais, precisamos reafirmar a beleza das descidas.
Santa Cruz
* Na conquista da América os espanhóis teriam literalmente queimado os seus barcos. Assim, os guerreiros eram obrigados a lutar até o fim, antes que novas caravelas chegassem, meses depois, da Europa. Analogamente comparamos este fato ao recolhimento da corda após o primeiro rappel.
A seguir relacionamos, em ordem cronológica, 47 conquistas de descidas onde sócios da UNICERJ participaram. Listamos suas respectivas localizações, classificações e número de rappels.
1) Des. Henry Thoreau (1984) Agulhinha Beija Flor, PNSO Vertiginosa – 01 Rappel Descida negativa diretíssima que começa no cume e termina na base Fis. Mariana (1991). 2) Des. Georgescu-Roegen (1984) Permite descer do Par. Entropia (1985) sem ter que descalar a seqüência de lances horizontais iniciais. 3) Des. Argonauta (1986) Belíssima descida desde o cume pontiagudo até a base, com um visual magnifico do Parque Nacional do Itatiaia. 4) Des. Akira Kurosawa (1986) Descida do cume do Segundo Dedinho até o colo da Gruta Bendy, voltada para o Dedo de Deus. 5) Des. Anton Tcheckov (1986) Começa no cume principal do Cabeça de Peixe e vai até a base da Cha. Caram Nicolau (1989). 6) Des. Mário Quintana (1988) Descida do cume do Pico do Frade, do lado oposto à Pedra da Freira. Evita rapelar pelo artificial final. 7) Des. Henrik Ibsen (1988) Acesso secundário à base da Cha. Caram Nicolau. 8) Des. Luigi Pirandello (1988) Leva à base da Fis. Luis Sayão (1989) num único rappel negativo de rara beleza. 9) Des. Daniel Alvarenga (1990) Descida vertical diretíssima que se inicia na base da Var. Willy Chen (1990) e vai até o colo a oeste do Par. Bendy (1934). 10) Des. Terror da Escola de Guias (1990) Descida no meio da Cha. Stop (1944), à esquerda dos lances que são conhecidos como Terror da Escola de Guias. 11) Des. Rosa dos Ventos (1991) Descida que evita ter que se passar pelas chaminés utilizadas na subida, permitindo um visual muito bonito, além da eficiência. 12) Des. Flavia Prado (1992) Descida diretíssima do Primeiro Dedinho, que termina ao lado da base das Pedras Soltas, na caminhada do Dedo de Deus. 13) Des. Noite Veloz (1992) Descida do Par. Che Guevara (1991), que evita as sequências horizontais e diagonais da escalada. 14) Des. Malcom X (1992) Pequena descida no meio do Par. Bom Crioulo (1988), muito útil no regresso à base. 15) Des. Juan Rulfo (1992) Descida retificadora que leva à base do Par. Rodolfo Chermont (1991), recomendada quando se retorna do Capacete. 16) Des. Robert Frost (1993) Descida que leva diretamente ao vale da Asa de Hermes, agilizando o retorno ao Abrigo Rebouças. 17) Des. Ic Rodus Ic Salta (1993) Descida que segue a face oposta da Cha. Brackmann (1966), desde o cume até a base. 18) Des. Julio Cortázar (1993) Pequena descida retificadora da Face Sul das Prateleiras, que evita ter que passar sob a gigantesca pedra equilibrada. 19) Des. Vinhas da Ira (1993) Descida negativa próxima ao cume, que leva ao final da subida do Par. Luiz Arnaud (1993). 20) Des. Victor Jara (1993) Bela descida desde o cume até a base do Par. Emilio Comici (1967) que otimiza o regresso à base. 21) Des. Estrela da Manhã (1993) Descida que liga o cume da Torre Sul à trilha da Torre Central e da Torre Norte de Bonsucesso. 22) Des. Amazônia (1993) Descida diretíssima da Torre Central de Bonsucesso que tangencia pontos da Cha. Brasil (1993) até a base. 23) Des. Jacy Quintas (1993) Descida alternativa da Cha. UNICERJ (1988) que evita ter que se descer pelas tenebrosas chaminés estreitas horizontais. 24) Des. Educação, o Maior Recurso (1993) Descida da 1ª parte do Par. Leonel Brizola (1993) que permite chegar à base com mais eficiência do que rapelando pela escalada. 25) Des. Gaia (1994) Pequena descida do cume do Mirante, ao lado do Par. Sede de Montanha (1987). |
26) Des. Mãe Terra (1994) Morro da Babilônia, Rio Muito Inclinada – 01 Rappel Pequena descida localizada na primeira metade do Par. Lindaurea (1986), evitando o excesso de atrito no recolhimento da corda. 27) Des. Sergio Carvalho (1994) Descida diretíssima do Pico do Frade com rappels negativos espetaculares na face mais íngreme do Frade e Freira. 28) Des. Alumbramento (1985) Descida na face oposta ao Par. Mario Arnaud (1986), permitindo retorno eficiente, com visual magnífico do Pico Maior. 29) Des. Pablo Neruda (1995) Diretíssima do cume até a Trilha Marginal da Pedra da Cruz (1984). Possui um negativo muito impressionante. 30) Des. Diretíssima do Telégrafo (1995) Passa pelos famosos “buracos do telégrafo” e vai até a base em arrojados rappels com visual inacreditavelmente belo. 31) Des. Rio de Janeiro (1995) Trata-se da maior e mais desafiadora descida conquistada até hoje no Dedo de Deus. Começa no cume, no final do Die. Salomyth (1982), prosseguindo por 255,02 metros de rappels até chegar na bifurcação. 32) Des. Giordano Bruno (1995) Trata-se da continuação da descida Rio de Janeiro pela encosta dos Dedinhos a partir da bifurcação, até a base das Pedras Soltas. 33) Des. Thiago de Mello (1995) Pequena descida próxima ao cume do Garrafão que evita que se tenha que descer pela Via Normal (1934). 34) Des. Mir (1995) Descida da primeira parte do Par. Hélio Paz (1983), que leva até a estrada. Muito útil sob temporal, o que não é raro. 35) Des. Valdecir Bento (1995) Segunda descida alternativa da Cha. UNICERJ (1988). É um singular rappel assustador de 65 metros a partir de um teto gigantesco. 36) Des. Leviatã (1995) Descida negativa, adequada a treinamentos quando se faz o bivaque do Paquequer. 37) Des. Galileu Galilei (1996) Segunda Descida Vertiginosa do Dedo de Deus. Começa após o 2º rappel da Des. Rio de Janeiro (1995) e vai até o início do Die. Salomyth (1982). 38) Des. Rosa Luxemburgo (1996) Via que permite uma ótima opção de descida após a escalada do Par. Vilma Arnaud (1993), evitando descer os lances horizontais. 39) Des. Terra e Liberdade (1996) Diretíssima desde o cume da Fis. Sylvia Chen (1996). Constitui uma descida única negativa espetacular no meio do nada, até a base. 40) Des. Íris (1996) Descida do cume da Pedra do Altar até a trilha do Percurso Rebouças-Mauá. 41) Des. Montanhismo Amador (1996) Terceira Descida Vertiginosa, localizada na Face Noroeste. Liga o cume à passagem do Leser da Via Teixeira (1912). Depois é só prosseguir descendo a Via Original de 1912. 42) Des. Yanomami (1996) É a descida do Die. Infernal (1977), evitando os zig-zags da escalada. 43) Des. Miraflores (1997) Quarta Descida Vertiginosa. Começa no Platô Intermediário do Die. Salomyth e termina entre a Face Leste e a Bifurcação. É o prosseguimento natural da Des. Rio de Janeiro a partir do Platô Intermediário. 44) Des. Brasil Central (1997) É a descida do Par. Quarup (1982), evitando que se tenha que descer pelos lances diagonais e horizontais da subida. 45) Des. M.A.S.E.N.C. (1997) Constitui a primeira descida conquistada no grande negativo da face sul. Começa no segundo grampo da Var. Tarcisio Rezende (1990). Possui um dos visuais mais impressionantes do Rio de Janeiro e um Rappel negativo de arrepiar a medula. 46) Des. Amigo da Onça (1998) Providencial descida que evita ter que se fazer as horizontais do início da Cha. Cachoeiro, permitindo que se atinja a base com eficiência. 47) Des. Anamaria (1998) Descida Diretíssima desde o cume do Bico Maior até a base, passando por negativos belíssimos e desafiadores. |