Desde novembro do ano passado, quando a UNICERJ lançou o Boletim Informativo n° 5, foram realizadas mais dez conquistas de escaladas e descidas. Coincidentemente passaram-se dez meses desde que conseguimos editar o nosso último Boletim.
Desse modo, nosso Clube, em termos de conquistas, vem mantendo uma regularidade impressionante, não obstante todas as dificuldades. Dá uma média de uma nova via de escalada ou de descida por mês.
É bem verdade que algumas dessas vias constituem alternativas relativamente simples que não exigiram mais do que algumas horas de trabalho na montanha para que pudéssemos concretizá-las. É o caso das Descidas Metrópolis (PNT), Um Estranho no Ninho (PNSO) e Quase Um Segundo (PÃO DE AÇÚCAR).
Por outro lado, conquistamos também vias de extrema dificuldade como o Paredão União (14 investidas) e a Chaminé Ricardo Borges (18 investidas), que exigiram o melhor de nossos esforços para que pudéssemos chegar aos respectivos cumes.
Há de tudo um pouco, vias urbanas no Pão de Açúcar (Des. Quase Um Segundo) e no Parque Nacional da Tijuca (Par. Guilberto Hippert e Des. Milton Santos). Conquistas em Salinas (Des. Ernesto Sabato) e em Itaocara, no Norte Fluminense (Par. União). Além disso fizemos três novas conquistas no Estado do Espirito Santo. A já mencionada Cha. Ricardo Borges, a Des. Sônia Perrone e o Par. Rio Novo do Sul.
Se levarmos em conta as dificuldades da vida cotidiana, em que, não obstante algumas facilidades ilusórias, dispomos de pouco tempo para as atividades lúdicas e prazerosas em que o montanhismo amador se insere, acreditamos que estamos conseguindo fazer a UNICERJ brilhar.
Sem nos descuidar das excursões normais, sejam elas caminhadas e escaladas, abertas a todos os sócios e convidados, nos esforçamos no sentido de abrir novas opções para a prática do montanhismo em nosso país. Mas quando nos referimos ao montanhismo estamos pensando e agindo visando uma atividade fundamentada em criteriosos padrões, no que se refere à segurança.
Não nos importamos com o que dizem e escrevem os detratores, que criticam nossas escaladas por excesso de segurança. Primeiro porque não acreditamos que haja excesso. Segundo porque, ao nosso ver, mesmo na dúvida é melhor excesso do que falta. Terceiro porque apesar do discurso arrogante de alguns arautos do risco como fim em si mesmo, sabemos que nossas vias de escalada e descida têm sido sistematicamente programadas e realizadas por todos os Clubes de Montanhismo. Nem é preciso ir longe, bastando dar uma passada na Praia Vermelha para ver escaladores nas mais diversas vias por nós conquistadas no Morro da Babilônia.
A UNICERJ foi fundada com objetivos cristalinos: promover a prática do montanhismo amador e não competitivo, em que haja espaço para a participação de todo ser humano que deseje compartilhar a sua existência de modo solidário em comunhão com a natureza.
Vivemos num país que já passou por ditaduras. Hoje vivemos sob a égide da Constituição. Portanto, como cidadãos desse país, não abriremos mão dos direitos constitucionais. Quem quiser que abra. Irão se arrepender amargamente, por sua covardia e omissão. Nós não temos medo de admitir que temos medo de escalar montanhas. Somos apenas seres humanos apaixonados pelas montanhas e pela vida. Não aceitamos nem aceitaremos escalar de modo que consideramos temerário. Quem quiser que o faça. Preferimos respeitar a natureza, ao desafiá-la.
Mantendo um Curso Básico e uma Escola de Guias, que constituem direitos dos sócios, prosseguimos em busca do nosso destino.
Neste sentido nos dedicamos também à preservação de antigas escaladas como a restauração que fizemos do clássico Paredão CEPI, no Pão de Açúcar. Este ambicioso empreendimento exigiu 25 excursões para a troca de todo o cabo de aço e a substituição de quase todos os grampos, mostrando que nós da UNICERJ não viemos ao mundo a passeio. Todos sabem que o Par. CEPI estava numa situação para lá de lastimável. Muito se falava e nada se fazia. Pois bem, fomos lá e fizemos o que precisava ser feito. Sem estardalhaço algum, sem e-mails vociferantes dos que se acham donos do montanhismo, sem promoções de mídia, sem patrocínios (nós simplesmente não precisamos e não queremos patrocínios: A UNICERJ não está no mercado) e muito menos sem qualquer apoio da companhia do Bondinho do Pão de Açúcar, que simplesmente se recusou a transportar os 150 metros de cabos de aço, o que nos obrigou transporta-los montanha acima. Só quem já participou de uma excursão dessas tem idéia de sua grandeza. Todo esse trabalho não foi em vão. Está lá. Não é por acaso que também dedicamos ao CEPI a capa do nosso Boletim n°6. Todos nós, que instigados pelo Leo aceitamos o desafio de restaurar o CEPI, nos orgulhamos do trabalho realizado. Da próxima vez vai ficar ainda melhor.
Quanto às conquistas também há muitos motivos de contentamento. É praxe só anunciar as conquistas já concluídas, o que de certa forma é uma pena. Nós não vamos quebrar esta tradição, muito embora podemos adiantar que estejamos trabalhando atualmente em várias conquistas nos mais diversos rincões do nosso Estado, e fora dele, sendo que há atualmente 17 conquistas em andamento, algumas delas com mais de 10 investidas já realizadas e que ainda exigirão muito entusiasmo e dedicação para que possamos vir a concluí-las.
Toda essa dificuldade é apenas mais um atrativo do chamado ESPORTE-DIFERENTE, com as infinitas possibilidade humanas e técnicas de companheirismo e superação, que são compartilhadas a cada investida em conquista, por todos que aceitam o irresistível e sublime atrativo das montanhas.
Santa Cruz
Agosto de 2001
RELAÇÃO DAS NOVAS CONQUISTAS
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