A Escola Técnica de Guias Excursionistas (ETGE) da Unicerj, nas duas primeiras edições, tinha um ano de duração. Assim, a primeira turma se formou no primeiro aniversário do Clube e a segunda quando a Unicerj completou dois anos.
Foi então que, a partir da terceira ETGE, o curso passou a ter um ano e meio de duração. Essa ampliação em seis meses foi uma importante mudança, considerando que os alunos das duas primeiras traziam grande experiência como montanhistas e muitos anos de convívio com os Guias Fundadores do Clube, fato que dificilmente seria conseguido novamente. Para exemplificar, basta lembrar que hoje todos os três Guias formandos da primeira ETGE são membros do Conselho de Administração, sendo Leo e Marcos respectivamente Presidente e Vice-Presidente da Unicerj.
Também, não por acaso, as ETGEs têm início em outubro de um ano, transcorrem todo a ano seguinte (ano que dá nome à turma) e chegam à conclusão em abril do terceiro ano, coincidindo a formatura com a festa de aniversário do Clube. Desse modo, os aspirantes a Guias, durante sua formação, têm a oportunidade de enfrentar duas vezes a pior época do ano, de outubro a abril, quando faz muito calor e ocorrem tempestades com frequência. Essas situações ajudam a preparar os futuros Guias para as adversidades da montanha.
No Boletim número 13, publicado em dezembro de 2008, divulgamos as atividades realizadas pela ETGE/2009 nos primeiros três meses do curso. Venho agora relatar algumas das experiências vividas pelos Guias e pelos alunos durante o ano de 2009.
Em janeiro tivemos três atividades para que os alunos se distribuíssem, já que não seria possível levar todos eles no mesmo dia. Foram marcadas duas excursões ao Dedo de Deus e uma à Chaminé Stop. Porém, apenas uma das três atividades, a segunda ida ao Dedo, obteve sucesso em atingir o cume. Durante a ETGE aprendemos que voltar do meio, muitas vezes, é a decisão correta e mostra respeito pela montanha e pelas condições meteorológicas. Faz parte.
No mês seguinte, ainda com muitas chuvas, aproveitamos para realizar um treinamento de resgate e grampeação, técnicas que devem ser de domínio dos Guias. Em março, finalizando a Primeira Fase da ETGE/2009, fizemos uma excursão ao Morro das Antas, em Teresópolis, com manutenção da trilha que leva ao cume.
Vale ressaltar que, além de participarem das excursões exclusivas da ETGE durante o período, totalizando no mínimo 5 DNM (Dias na Montanha), os alunos participaram de aulas teóricas, DNS (Dia na Sede, quando cuidamos um pouco da parte administrativa e patrimonial da Unicerj) e das demais excursões do Clube, interagindo com os demais sócios e iniciantes.
Foi com muita alegria que, em abril, pudemos começar a Segunda Fase da ETGE/2009 com todos os oito alunos.
Na Segunda Fase, o compromisso e a dedicação de todos é ainda maior. São duas excursões por mês, muitas delas com mais de um dia. A primeira delas foi a Travessia Petrópolis-Teresópolis, tanto para candidatos a Guias Caminhantes quanto a Guias Caminhantes e Escaladores. Essa excursão, como é comum nas Escolas de Guias, ocorreu em conjunto com o CBM. Todos os alunos estiveram presentes, exceto a Célia, que poucos dias depois anunciou sua desistência do curso. A Escola de Guias é uma fase muito complexa na história de qualquer um. É necessária uma boa sintonia, principalmente entre os alunos e os professores, como também é preciso compatibilizar esse período com o trabalho, a família, a vida em si. Só quem já passou por isso é capaz de entender com clareza.
A partir daí, como era previsto desde o início, as excursões passaram a ser divididas, mas tentando sempre manter os Caminhantes e os Caminhantes e Escaladores em atividades próximas geograficamente e com desafios equivalentes. Coincidiu com essa época a nossa decisão de convidar o Boulanger a passar para candidato a Guia Caminhante e Escalador, proposta que foi aceita.
Nos meses seguintes a ETGE/2009 esteve no Garrafão, Agulha do Diabo, Travessia da Bocaina, Dedo de Nossa Senhora, Fissura Mariana, Pico da Bandeira e Cristal, Papudo e Travessia da Neblina, Maria Comprida, Paredão Che Guevara, Escalavrado e Cabeça de Peixe, só para citar alguns exemplos.
Algumas excursões merecem destaque. A primeira delas foi a segunda investida da Fissura Marcos Éboli, no Garrafão, quando demos um passo crucial para retomar esse projeto.
Também devemos citar os importantíssimos trabalhos de manutenção realizados na Descida Flávia Prado, localizada nos Dedinhos, e no Paredão CEPI, no Pão de Açúcar, com a troca e ajuste de diversos trechos do cabo de aço. Assim como o retorno da Unicerj à Variante Inti-Illimani, no Morro das Antas, tão utilizada durante as muitas investidas para a conquista do Paredão Unidade Latino-Americana.
Vale ressaltar também as duas idas a Itatiaia em excursões abertas aos demais sócios do Clube que, com acantonamento no Abrigo Rebouças, puderam desfrutar das belezas cada vez menos acessíveis do Planalto: Fissura Aleksandra Krijevitch, Asa de Hermes, Prateleiras, Agulhas Negras, Pedra do Altar e Fissura Sylvia Chen.
Destaco ainda a ida ao Espírito Santo, da qual participaram todos os alunos e na qual recebemos mais uma vez o apoio total dos grandes companheiros Edilso e Josias. Infelizmente desta vez não tivemos a presença divertida do Valdecir. Realmente a gratidão que a Unicerj tem por essas pessoas é incomensurável. Como é bom perceber que ainda existem coisas nas quais a fúria devastadora do dinheiro não conseguiu penetrar! Essa amizade e capacidade de doação é o mais claro exemplo. Nessa excursão, além de chegar aos cumes do Pico do Frade e da Pedra Mãe, progredimos bastante na conquista do Paredão Amâncio Silva, no Pico da Freira.
Finalizamos a Segunda Fase em setembro de 2009, com a aprovação de todos os sete alunos como Guias Estagiários. O Estágio Supervisionado começou em seguida e foram realizadas 101 excursões. Nesse período, a Luciana desistiu do curso por conta de problemas profissionais e de saúde.
Na festa do 12º aniversário da Unicerj, a ETGE/2009, a sétima desde a fundação do Clube, formou seis novos Guias: Anete, Boulanger, Carlos Henrique, Clair, Jeferson e Roberto. Estamos confiantes de que eles se tornarão exemplo para os demais sócios e ajudarão a manter a Unicerj no caminho de fazer história no montanhismo do Brasil, brilhando e dando continuidade ao projeto do Masenc na sociedade.
Bonolo