A primeira conquista de que participei ativamente foi a da Descida Arequipa, em 14/09/2002, com Leo, Santa Cruz, Cela, Fabio e Rodrigo. Nesses últimos anos, tive a oportunidade de participar de várias outras, inclusive conquistando lances, sempre auxiliando o idealizador da empreitada. Foi assim com o Santa na Descida Leonardo Perrone, com o Borges na Variante Guy Costa, com o Leo no Paredão Unidade Latino-Americana e com o Zaib no Paredão José Kayan, apenas para dar alguns exemplos.
Esta não seria diferente. A Fissura Marcos Éboli foi imaginada e iniciada pelo Santa Cruz, que desde a primeira investida, em 1998, sonhava em voltar para terminá-la. Daquela excursão, válida pela primeira Escola Técnica de Guias Excursionistas (ETGE) da Unicerj, participaram também os Guias Christian e Tarcisio e o então aluno Leandro.
Naquela primeira investida, os bravos companheiros avançaram aproximadamente 25 metros e bateram dois grampos. A partir dessa excursão, muitos anos se passaram até que voltássemos lá. Acreditávamos que seria necessário fazer investidas de três dias para ter progressos significativos. Mas, com tantas atribulações e outros compromissos, acabamos adiando esse projeto.
Nesse ínterim houve a criação das regras para conquista de novas vias de escalada no PNSO. Solicitamos e recebemos a devida autorização para prosseguir com a escalada.
Até que, elaborando a programação da segunda fase da ETGE/2009, a sétima desde a fundação da Unicerj, aproveitamos que o feriado de 1º de maio cairia em uma sexta-feira e marcamos uma excursão com o intuito de continuar e, quem sabe, concluir a via. Edilso e Valdecir, grandes companheiros do Espírito Santo, assim que souberam, confirmaram a vinda para ajudar no que fosse preciso. Osvaldo e Lucia os receberam em Miraflores e os acompanharam até a entrada do PNSO para o encontro conosco. Terra e eu fomos os Guias, com a presença do então aluno Boulanger e da Elisangela Lima como convidada. Para ajudar a carregar o material, Osiris marcou uma excursão de um dia à Pedra do Sino, para a qual se inscreveram a sócia Fernanda Lopes e a até então convidada Tatiana Peres, que fez sua primeira excursão pelo Clube.
Devido ao mau tempo, não conseguimos progredir muito nessa segunda investida. Mas serviu para conhecermos a linda sequência de fendas e até avançarmos mais alguns metros em um lance conquistado pelo Edilso. Na volta, encontramos os companheiros Buarque, Gabriela, Leo e André Ribeiro, que faziam uma excursão com dois objetivos: manutenção de um trecho da trilha para a Pedra do Sino, pouco acima do antigo Abrigo Três; e nos ajudar a descer o equipamento.
A partir daí, com a impossibilidade temporária do Santa Cruz de fazer excursões, e com a grande vontade que todos nós estávamos de presentear o nosso amigo Marcos, resolvi tocar esse projeto.
Usando uns dias de férias atrasados, Osiris, Terra e eu marcamos de fazer uma empreitada de dois dias durante a semana. Nessa terceira investida, subimos com uma cargueira (com uma mochila de ataque dentro) e duas mochilas de ataque para sermos mais rápidos. Chegando ao Abrigo Quatro, deixamos apenas a cargueira com o material para pernoite e seguimos para o Garrafão, conquistando alguns metros ainda no primeiro dia. Na volta, deixamos todo o material (inclusive as cordas) e chegamos ao acantonamento usando lanternas e anoraques, levando apenas uma mochila com o estojo de primeiros socorros, um pouco de água e de farnel.
No segundo dia, Terra e eu subimos mais um bom pedaço, chegando ao início da última horizontal para a esquerda. Respeitamos o horário limite que havíamos determinado e retornamos recolhendo tudo. Osiris, que bateu vários grampos nesta investida intermediando lances, preparou mais uma bela refeição no Abrigo antes de descermos. No carro, só comentávamos sobre a vontade de voltar logo!
E um mês depois estávamos de volta. Osiris e eu novamente, mas desta vez acompanhados pelo Kaercher e pela Elisangela. Saímos um pouco mais cedo dos nossos trabalhos em uma sexta-feira com o objetivo apenas de chegar até o Abrigo Quatro naquele dia. Assim fizemos.
No dia seguinte, sábado, partimos bem cedo em direção ao Garrafão e pouco depois das 9h já estávamos avançando na conquista. Foram apenas dois lances, mas que consumiram mais de três horas. O Kaercher progrediu os últimos metros até o cume, fazendo uma linda oposição horizontal, o lance mais difícil da via. Levamos mais duas horas até que todos estivessem no cume tirando a tradicional foto com a bandeira do Brasil. Acabou ficando tarde para descermos naquele dia, pois ainda teríamos que enfrentar a estrada. Preferimos dormir mais uma noite no Abrigo, podendo assim desfrutar de mais um jantar e um café da manhã preparados pelo Osiris.
Assim, em um total de oito dias na montanha, sem contar a investida inicial, conseguimos passar pelos lances que faltavam e registrar no livro de cume mais uma conquista para um companheiro querido, para a Unicerj e para todos os montanhistas que procurem vias bonitas, desafiadoras e seguras.
Bonolo