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Sábado, 27 de abril de 2024

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Boletim n°6 - Nov. 2001
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Editorial

"Admitamos absurdamente que se todos os homens do mundo morressem, mas ficasse a terra, ficassem as árvores, os pássaros, os animais, os rios, o mar, as estrelas, não seria isso tudo o mundo? Não. Faltaria quem dissesse isto é o mundo"

Paulo Freire

Existe, nos dias de hoje, uma crescente preocupação com o meio ambiente. Assuntos como poluição, impactos ambientais, incêndios florestais, extinção de animais, concentração demográfica, lixo industrial e residencial, entre tantos outros, são abordados pelo Estado e pela Sociedade, conscientes da vital importância tanto em preservar como usar a natureza de forma sustentável. Vários programas e leis, bem intencionadas, com o propósito de promover a proteção do meio ambiente, são elaboradas em razão das conseqüências que a escalada da degradação ambiental provocará, indubitavelmente, nas gerações futuras. Diante de algumas tragédias ecológicas, nos sensibilizamos por breves momentos, no máximo, e logo a seguir nossa atenção se ocupa de outros assuntos mais "urgentes".

Dentro desse complexo contexto a nossa atividade lúdica, da prática do montanhismo, interage e atua diretamente com a natureza. Nos propomos a usufruí-la com o menor impacto possível. Nos primórdios do montanhismo não havia um critério específico, típico, com relação a conduta do montanhista sobre a sua postura ecologicamente correta. Mesmo não havendo regras escritas acreditamos ser intrínseco e intuitivo do montanhista, amante da natureza, um comportamento disciplinado e obediente dos valores que materializam a conservação do meio ambiente.

Atualmente, inúmeros conceitos de mínimo impacto são divulgados na mira de orientar quem pretende desfrutar do meio ambiente. Aliás, nossa Constituição atribui o direito, inalienável, de usufruirmos do meio ambiente ecologicamente equilibrado. Nessa linha de raciocínio, se apresentam questões divergentes sobre qual a conduta considerada menos lesiva ao meio ambiente, em razão de determinada interferência na natureza. Aquilatar esta circunstância não é uma tarefa simples como, às vezes, possa parecer.

Partindo do princípio de que toda ação concreta interfere, voluntariamente ou não, no meio em que vivemos, como fazer para ter acesso a cultura, a tradições, a conhecimentos, a ciência e ao mundo natural. Respirar; um simples processo constante, quase imperceptível, que oxigena o nosso organismo e permite a nossa inteligência produzir um universo de idéias e pensamentos.

Borges na Des. Milton Santos, PNTRespirar; é a essência da manutenção da vida do homem mas, de alguma forma, polui o ar. Neste exemplo, achamos, obviamente, que o homem não atentará contra sua própria natureza, em benefício desta, apesar de pessoas defenderem como solução para as mazelas da sociedade, a exclusão do ser humano do ecossistema.

No caso particular, do montanhismo, algumas práticas empregadas que auxiliam a atividade em si, interferem diretamente na natureza, como não poderia deixar de ser. É producente, a nosso ver, por exemplo, como medida de segurança da vida, conquistar uma via de escalada afixando na rocha artefatos conhecidos, mais comumente, como grampos ou chapeletas. O impacto desta peça está adstrito a uma ação única de se fazer um furo e fixá-la sob pressão, por meio de pequenas palhetas de alumínio. Do outro lado apoia-se a idéia de evitar o impacto, do grampo ou chapeleta, empregando os chamados equipamentos ou aparelhos móveis. Estes são peças de vários tamanhos e formas, introduzidas nas fendas, naturalmente onde estas existirem na rocha, pelo escalador na sua ascensão. Num primeiro momento têm-se a impressão de que o artefato fixo, na rocha, causaria mais impacto. Entretanto, moldando um raciocínio mais perspicaz podemos admitir que, contra uma única ação do grampo na rocha, o aparelho móvel, por sua vez, interferirá na rocha tantas quantas vezes o escalador passar por aquela fenda. Os pontos em que o aparelho móvel entrar na fenda não serão sempre os mesmos e a rocha, conseqüentemente, sofrerá um desgaste ao longo do tempo, tanto maior, considerando eventuais quedas. Além do que, as fendas nas rochas são depositórios de plantas, ninhos, de aves e insetos e microorganismos os quais são atingidos ou, ainda, impedidos de proliferar em função da atuação do aparelho móvel neste particular. Outra situação para nós muita clara e evidente, mas que suscita, a nosso ver, opinião injustificada, é a questão da sinalização e orientação das trilhas nas montanhas. Defendemos que a marcação nos pontos de dúvida evitariam uma desordem de caminhos, que causam um impacto maior na vegetação e, ainda, a desorientação dos excursionistas.

Outros exemplos poderiam ser citados mas, o mais importante é que este editorial aguce a nossa percepção para, criticamente, avaliarmos aquelas questões que se apresentam como verdade absoluta.

Estamos convictos de que a mudança de comportamento do homem em relação à preservação da natureza, florescerá das raízes da sua educação. Educação no seu sentido lato de harmonia, de saúde, de compreensão, de valorizar o ser humano, de respeito à própria natureza.


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