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Sexta-feira, 26 de abril de 2024

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Boletim n°5 - Nov. 2000
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Parada da Árvore

No meio de uma escalada ouve-se o Guia: "Vamos dar uma pausa na parada da árvore daqui a pouco, companheiros, tá bom?" Este anúncio soa aos meus ouvidos como a melhor coisa do mundo durante a excursão. Significa que podemos tomar um fôlego, beber água, tirar a pedrinha do tênis, e até mesmo fazer um xixi...

Quase todas as vias de caminhadas ou escaladas têm uma parada. Algumas com direito até a nome, como por exemplo a famosa "cuíca" ou a já consagrada "carrasqueira". Contudo, na maioria das excursões predomina a parada da árvore simplesmente. Mas o que ocorre geralmente, é que ao final de uma excursão acabamos nos esquecendo dela, porque o desafio da subida com seus lances cruciais e a temerosa decida, são lembranças que predominam em nossa memória.

Outro dia fomos sós, eu e Santa Cruz, no Capacete dos Três Picos de Friburgo. Ao nosso lado, no Pico Maior, havia dois escaladores subindo uma via nova, do tipo "big wall". Dava para vermos eles e até mesmo adivinhar a direção da subida. Porém, quando achamos que iriam parar numa moita verde que servia como um excelente ponto de parada, eles no entanto passaram direto. Deixar uma moita para trás e escolheram continuar subindo o paredão. Já estava tarde e Santa Cruz comentou comigo: "há certas vias que simplesmente não há como desistir e descer. Não restando outra escolha, o jeito é subir e ir adiante." Pelos nossos cálculos, eles só conseguiriam chegar ao cume por volta das nove horas da noite. Desse modo, a moita verde que ainda tinha uma árvore, serviria para bivaque. Pensando em tudo isto, nos preocupamos com eles. Mas, como é de nosso costume, não nos comunicamos com eles, tanto por respeitarmos sua escolha, como também para não atrapalhá-los. Portanto, cada pessoa tem o direito de escolher o lugar da parada, podendo ou não utilizar a parada da árvore.

De fato, na nossa vida cotidiana, também existem várias paradas da árvore. Como por exemplo, quando paramos para tomar um cafezinho, para dar uma volta no jardim, ir ao cinema, fazer um alongamento... E assim como no futebol existe o intervalo para o segundo tempo quando os jogadores esperam virar o jogo, nas caminhadas ou nas escaladas também.

A parada da árvore ainda não é o ponto final, e também já deixou de ser o início. Pois os primeiros passos já foram dados, já começamos uma jornada, e estamos a meio caminho andado. Certamente um objetivo já foi estabelecido, do contrário nem teríamos iniciado. Dependendo das dificuldades que se apresentam, neste ponto, podemos já estar cansados, desmotivados, pensando em desistir, e até achando que é muito para nós e que não somos capazes. Chegamos a duvidar se vamos realmente conseguir chegar até o final. Este momento vital acontece na vida de todos nós. Seja na carreira, no estudo, no namoro, no casamento, ou em qualquer projeto. Quando nos parece que tudo está perdido, cinzento, e não há mais esperança, a vontade que temos é de jogar tudo para o alto e virar a mesa. E justo nessa hora aparece a função importantíssima da parada da árvore, quando o que precisamos é sentar, descansar, olhar em nossa volta, respirar, refrescar (a mente e o corpo), e nos alimentar não só do farnel, mas também de renovadas esperanças. Então, naturalmente voltamos àquele pique inicial de querer vencer o desafio.

Willy Chen


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