Busca
 
 

Fale conosco! fale conosco!

Calendário



« DESTAQUES »

Formatura do CBM/2023

NOTA DE REPÚDIO

Carta ao PARNASO

CURSOS

As Descidas Vertiginosas do Dedo de Deus (2a Edição)

Carta Aberta aos Montanhistas do Rio de Janeiro e à Sociedade

Diretoria e Corpo de Guias

Equipamento individual básico

Recomendações aos Novos Sócios

2ª Carta Aberta aos Montanhistas do Rio de Janeiro e à Sociedade



Quinta-feira, 25 de abril de 2024

Você está em: BoletinsBoletim n°2 - Jan. 1999
Boletim n°2 - Jan. 1999
Estágio Prático Supervisionado‹‹ anterior 
|
 próxima ››Descidas

Montanhismo e Pensamento Único

Como é característico de todas as atividades humanas, o montanhismo é palco de intensas disputas no que se refere a sua prática. Contudo, apesar das controvérsias, notamos com preocupação a aceitação cada vez maior de uma das práticas de montanhismo como única forma de exercício do mesmo. Surge assim, o Montanhismo de Pensamento Único, ao qual todos devem se submeter incondicionalmente sob pena de ser considerado qualquer outra coisa, menos montanhista.

Para aqueles que não percebem a profundidade da analogia, lembremos que formas de pensamento único subsidiaram o desenvolvimento de diversos regimes opressores no nosso século. Durante a Guerra Fria, a "democracia" de pensamento único americana deu origem ao Macarthismo que oprimiu centenas de pessoas, especialmente artistas, escritores e cineastas, sendo Charles Chaplin um dos exemplos mais marcantes. Da mesma maneira, outros sistemas opressores se basearam em pensamento único para o seu desenvolvimento como o stalinismo russo, o fascismo italiano, o totalitarismo japonês e o nazismo alemão. Todos estes exemplos só admitiam uma única forma de expressão de idéias. Vozes divergentes eram silenciadas de maneira brutal.

Obviamente, não quero dizer que o Montanhismo de Pensamento Único esteja oferecendo bases ideológicas para formação de um regime opressor. Porém, impor uma única maneira de praticar montanhismo pode ter graves conseqüências, submetendo os montanhistas a riscos desnecessários em escaladas e caminhadas em nome de supostos "direitos de primazia" e de uma falsa preocupação com a ecologia.

Primeiramente devemos dizer que a alternativa oferecida pelo Montanhismo de Pensamento Único à não utilização de grampos, a segurança móvel, não é compatível com as características geológicas da maioria dos sítios de escalada do Brasil.

Aqueles que conhecem o Pico do Escalavrado (PNSO), podem perceber que os grampos protegem a frágil vegetação e reentrâncias naturais de serem imperativamente utilizadas em caso de tempestade. Este é um exemplo claro de que a grampeação fixa pode ser mais ecológica do que a inexistência da mesma.

Revela-se nesta contradição o descompromisso do Montanhismo de Pensamento Único com seus próprios "princípios". Ou seja, para o Montanhismo de Pensamento Único pouco importa a ética, a segurança ou a ecologia. A sua verdadeira força motriz é poder ditar como se escala. Poder, aliás, é o único princípio ao qual todos os regimes de pensamento único se mantiveram coerentes.

Christian


Estágio Prático Supervisionado‹‹ anterior 
|
 próxima ››Descidas

Versão para impressão: