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Terça-feira, 23 de abril de 2024

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Boletim n°10 - Dez. 2005
E essa solidariedade é a própria vida‹‹ anterior 
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Grupo de Estudos Latino Americanos

Montanhistas, em geral, gostam de viajar, descobrir novos lugares e principalmente retornar a lugares já visitados para melhor conhecer. Isso vale para cidades, países e certamente também montanhas.

Quando pensamos no domicílio do homem, no Universo, pensamos imediatamente no planeta Terra, essa nave espacial, tão singular e acolhedora.

Apesar dos desmandos acelerados nos últimos séculos pela civilização industrial, que "põe preço em tudo mas não conhece o valor de coisa alguma"(1), vem surgindo lenta e inexoravelmente uma nova consciência que poderá significar o início de um novo tempo para a humanidade.

Essa nova consciência está associada ao respeito à natureza e ao supremo valor do ser humano, independente de quaisquer fatores geográficos, econômicos, sociais, étnicos ou ideológicos. Afinal somos todos caminhantes na estrada da vida e temos o direito, a ser garantido e preservado para as futuras gerações, de viver com dignidade e ser felizes.

Neste sentido, estamos conscientes de que muito ainda precisa ser feito. Mas é bem sabido que "o caminho se faz ao caminhar"(2).

Um Clube de Montanhismo não é apenas um lugar onde as pessoas se reúnem porque têm fascinação pelas montanhas. Não existe só para organizar excursões envolvendo caminhadas, escaladas, descidas vertiginosas, travessias, acampamentos e conquistas. É também ponto de confluência de pessoas que cultivam a amizade e celebram a cada encontro a magia de compartilhar sonhos, idéias, valores, realizações...

Não fosse por tudo isso talvez não existissem mais os Clubes de Montanhismo, que tiveram tanta importância em meados do século passado. O declínio levou ao desaparecimento de alguns deles, mas cremos que gradativamente voltarão a florescer, como espaço de vitalidade, congraçamento e esperança no futuro.

Por paradoxal que possa parecer, precisamos reconhecer que as facilidades da vida moderna "do mesmo modo que iluminam podem cegar"(3). Assim, há uma distância muito grande entre os que praticam Montanhismo vinculados a algum Clube (ou a vários Clubes) e os que, valendo-se apenas de telefones celulares e correios eletrônicos, combinam suas excursões. Parece a mesma coisa, mas não há o mesmo compromisso. Não existe nesse caso vinculação com uma instituição e as instituições constituem realizações imprescindíveis à sociedade. "Se elas desaparecessem as relações entre os seres humanos tornar-se-iam não somente desregradas mas cairiam no mais absoluto primitivismo"(4).

Os Clubes de Montanhismo são, sem exceção, instituições, muito embora nem sempre as pessoas se dêem conta disso. Na UNICERJ não é diferente, muito embora permanentemente os dirigentes do Clube e os Guias procurem enfatizar que nosso Clube não existe apenas para promover caminhadas e escaladas, por mais abrangentes, desafiadoras e sublimes que possam vir a ser.

O Montanhismo que praticamos está inserido num conjunto de princípios que vão além do Montanhismo e, é claro, estão além da "técnica que evolui o tempo todo, mas o ser humano é sempre o mesmo"(5).

Por isso, além dos compromissos com a formação de novos montanhistas, através do CBM, e de Guias, por meio da ETGE, temos uma preocupação permanente em preservar e difundir a filosofia do MASENC e, principalmente, que em todas as atividades planejadas e realizadas pela UNICERJ a segurança venha em primeiro lugar, pois a vida humana é preciosa.

Os fundadores da UNICERJ já praticavam Montanhismo há muitos anos, já tinham conquistado muitas escaladas e descidas e organizado várias Escolas de Guias, quando decidiram, mais uma vez, acreditar na força catalisadora da união representada pela idéia de um Clube de Montanhismo.

Assim surgiu a UNICERJ, em 17 de abril de 1998, valendo-se de uma prerrogativa legal e constitucional que a República Federativa do Brasil assegura a todos os seus cidadãos: o direito de livre reunião e associação.

Nosso Clube é jovem mas já tem história, que vem sendo escrita com entusiasmo e muito companheirismo. Nos traz satisfação constatar que muitas das vias que conquistamos vêm sendo usadas regularmente por companheiros de outros Clubes de Montanhismo. E muitas outras conquistas estão sendo por nós realizadas nos mais distantes rincões, ampliando os espaços para a prática do Montanhismo em nosso país.

Os sonhos que vislumbramos, uma Sede Própria, a continuidade do nosso projeto tão bem conduzido até aqui, sem qualquer disputa de poder, tendo o Conselho de Administração como vanguarda e sentinela de nossa união, tudo isso só existe porque acreditamos no que nos faz agir com desprendimento e lealdade.

Na verdade "nos erguemos sobre ombros de gigantes"(6), os pioneiros que nos legaram os conhecimentos, que foram sendo aperfeiçoados, e a sabedoria que precisa ser preservada.

Nessa sabedoria, um tanto esquecida por alguns, se insere a ética. Ética sem adjetivos que está anos-luz distante das questões menores associadas a estilos de se escalar ou conquistar. Ética que deveria não só ser falada mas também praticada e que pressupõe o respeito pelas diferenças de estilos e pelas próprias diferenças.

Por tudo isso, é auspicioso anunciar que nesse início de 2006 a UNICERJ prossegue seu caminho, mantendo dedicação permanente aos objetivos e se lança a dois empreendimentos altamente desafiadores. O primeiro visa materializar a perenidade do nosso Clube do ponto de vista patrimonial através da Campanha da Sede Própria.

O segundo desafio consiste na criação de um Grupo de Estudos Latino Americanos.

Quando pensamos em um grupo de estudos Latino Americanos para a UNICERJ propomos integrar saberes dispersos em nosso Clube, utilizando livros e autores imprescindíveis a todos aqueles que almejam compreender o nosso continente.

Podemos escolher para cada país uma obra emblemática a ser estudada coletivamente por uma parte do grupo e depois compartilhada com os demais. Desse modo, por exemplo, podemos começar com os seguintes títulos e autores.

BRASIL O Alienista
Machado de Assis
ARGENTINA Os Prêmios
Julio Cortázar
URUGUAI As Veias Abertas da América Latina
Eduardo Galeano
CHILE Confesso que Vivi
Pablo Neruda
PARAGUAI Eu, o Supremo
Roa Bastos
PERU Conversa na Catedral
Vargas Llosa
COLÔMBIA Cem Anos de Solidão
Garcia Marques
MÉXICO Pedro Páramo
Juan Rulfo

Com isso teremos, já na primeira fase, oito países / livros / autores, que certamente irão expandir, incomensuravelmente, a motivação por um mergulho mais fundo na realidade histórica e cultural de boa parte da América Latina.

Numa segunda fase escolheremos mais livros e autores dos demais países, para em seguida repetir o ciclo, quantas vezes for necessário com outros títulos e autores.

É importante ressaltar que os estudos Latino Americanos, que iremos realizar na UNICERJ, não estarão somente restritos a livros, por mais interessantes que eles sejam.

Vamos, também, levar em conta todas as possíveis manifestações culturais que possamos dispor, como filmes, vídeos, diapositivos, fotografias, comidas típicas, músicas e evidentemente relatos de experiências dos nossos sócios em viagens ou expedições através deste vasto continente.

Lucia e Santa Cruz


(1) Oscar Wilde (1854-1900) escritor irlandês
(2) Antonio Machado (1875-1939) poeta espanhol
(3) Fernando Pessoa (1888-1935) poeta português
(4) Hans Freyer (1887-1969) historiador alemão
(5) Ernesto Sabato (1911- ) romancista argentino
(6) Isaac Newton (1642-1727) físico inglês


Canción por la unidad latinoamericana

Pablo Milanés e Chico Buarque

"El nacimiento de un mundo
Se aplazó por un momento
Fue un breve lapso del tiempo
Del universo un segundo

Sin embargo parecia
Que todo se iba a acabar
Con la distancia mortal
Que separó nuestras vidas

Realizavan la labor
De desunir nossas mãos
E fazer com que os irmãos
Se mirassem com temor

Cuando passaron los años
Se acumularam rancores
Se olvidaram os amores
Parecíamos estraños

Que distância tão sofrida
Que mundo tão separado
Jamás se hubiera encontrado
Sin aportar nuevas vidas

E quem garante que a História
É carroça abandonada
Numa beira de estrada
Ou numa estação inglória

A História é um carro alegre
Cheio de um povo contente
Que atropela indiferente
Todo aquele que a negue

É um trem riscando trilhos
Abrindo novos espaços
Acenando muitos braços
Balançando nossos filhos

Lo que brilla con luz propia
Nadie lo puede apagar
Su brillo puede alcanzar
La oscuridad de otras cosas

Quem vai impedir que a chama
Saia iluminando o cenário
Saia incendiando o plenário
Saia inventando outra trama

Quem vai evitar que os ventos
Batam portas mal fechadas
Revirem terras mal socadas
E espalhem nossos lamentos

E enfim quem paga o pesar
Do tempo que se gastou
De las vidas que costó
De las que puede costar

Já foi lançada uma estrela
Pra quem souber enxergar
Pra quem quiser alcançar
E andar abraçado nela

Já foi lançada uma estrela
Pra quem souber enxergar
Pra quem quiser alcançar
E andar abraçado nela


E essa solidariedade é a própria vida‹‹ anterior 
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